segunda-feira, 28 de março de 2011

...continuação de A Estação
Na década de 30 percebe-se o início da decadência da Ferrovia. Segundo o jornal "Imparcial", de 1933, houve uma elevação nos preços das passagens e da carga, causando o esvaziamento dos vagões que em sua maioria estava entregue às moscas.
Na década de 80 a RMV foi desativada. O que antes era um símbolo do progresso, transformou-se em "um traçado cheio de curvas, com velocidade de 30 km por hora e prestando um serviço bastante deficiente à população. O ramal foi extinto, por ser considerado antieconomico.

A Estação

Foi no dia 25 de março de 1895 que chegou o trem inaugural em Pouso Alegre, trazendo a bordo a diretoria da estrada, representantes do governo de Minas, da imprensa da capital Federal (Rio de Janeiro), e grande número de convidados pela diretoria e pela comissão dos festejos.
Segundo o Almanack Sulmineiro “a estação é uma construção singela, em forma de chalet, com uma plataforma regular, mas pequena para conter a grande massa de povo, que quase sempre ali se aglomera por ocasião da chegada dos trens. Tem um pequeno armazém para depósito de mercadorias, dois gabinetes, comunicando-se para o agente e telegrafista, separados do armazém por um corredor que serve de sala de espera, e acomodações no restante do edifício para a família do agente. O terreno das dependências da estação é muito acanhado, e não pode comportar mais do que o desvio e o virador de machinas que ali se acham construídos”.
O município servido pela Rede Sul Mineira de Viação – Linha de Ibatuba a Sapucaí – Percurso 31.377 mts. dentro do município. A estação está situada fronteiriça à principal artéria da cidade que é a Avenida dr. Lisboa.

Fontes:
O Linguarudo, 1948 (acervo MHMTT)
Almanaque Mineiro, 1900 (acervo MHMTT)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Curiosidades na imprensa

Infomativo pousoalegrense -1957
Página da Tesoura

Fato inédito na história acaba de acontecer em Pouso Alegre. (Sempre esta cidade serve de palco de histórias berrantes).
Em junho p. findo, o comboio da Rêde Mineira de Viação, após apitar por duas vezes, às 3:30 horas (três e meia horas da madrugada), deu partida e rumou em direção a primeira estação: Porto do  Sapucaí. Lá chegando, o maquinista constatou que os vagões (de passageiros e de carga) tinham ficado na Estação de Pouso Alegre. Engatou marcha-ré e conseguiu, após quase uma hora de atrazo, naquele vai-e-vem, levar afinal, os vagões para o destino desejado.
Não causou-nos surpresa esse fato, porque sempre obedeceu ao seu destino a famosa Rêde Mineira de Viação - RMV: Ruim Mas Vai...
(revista mensal, ano I - nº XI - setembro de 1957 - tiragem 3000 exemplares - diretor Benedito Camargo Madeira)
Resposta da
Rêde Mineira de Viação
O digno e zeloso agente da estação da Rêde Mineira de Viação, Sr. Roque Guimarães Pereira, em nossa cidade, a propósito de uma notícia por nós divulgada, na seção de nosso informativo denominada "Página da Tesoura", nos dirigiu a carta abaixo;
Prezado amigo Benedito Camargo Madeira
No "informativo" de setembro ultimo na "página da tesoura" a Rêde Mineira de Viação foi focalizada com a narrativa de um fato inédito.
Tudo está muito bem contado e abstenho-me de tentar justificar o fato. Mas o final do conte merece reparos. Como velho ferroviário não posso ficar calado quando se comete uma injustiça com a nossa Rêde. Dizer-se que seu destino sempre foi ruim é omitir os grandes e relevantes serviços que ela prestou e vem prestando ao nosso Estado e também a Pouso Alegre.
Bastaria citar o desenvolvimento do Sul de Minas, pois, todo ele é devido á Rêde, mas eu vou mais adiante: a Rêde ainda presta relevantes serviços a Pouso Alegre. Quem olhar para as torres da majestosa Catedral, precisa saber que o ferro e o cimento que a sustentam foram transportados pela Rêde e em boa parte de graça. Quem vir o imponente prédio da escola Profissional precisa saber também que o material de fora, ali empregado, foi e está sendo transportado pela Rêde, totalmente de graça. Até o prédio da Associação Comercial, gozou, ou melhor aproveitou-se da Rêde, obtendo transporte gratuito. É ainda a Rêde que transporta atualmente materiais para a lavoura e forragens para nosso rebanho com 50% de abatimento, com prejuízo para sua renda, em benefício do povo.
Seria longo demais o relato dos benefícios que a Rêde prestou e vem prestando ainda, apesar dos pesares. Vê você meu caro Madeira, que o destino da Rêde, foi e é até muito bom.
Ela foi vítima de criminoso abandono pelo curto espaço de mais de 25 anos, e ainda consegue ser o unico meio de transporte que Pouso Alegre dispõe, depois de dois dias de chuvas. Com o amparo que a Rêde vem tendo atualmente do Governo Federal é muito provável que ela possa ainda a ajudar o Brasil a livrar-se da enorme sangria, que diariamente ele sofre com a importação da gasolina. A ferrovia foi e ainda é, o transporte ideal para as grandes nações e certamente o Brasil também. Assim sendo, espero que você, se não puder modificar o seu conceito, pelo menos faça justiça à Rêde nas futuras publicações do "Informativo Pousoalegrense".
A Rêde merece pelo muito que fez, e pelo muito que ainda pode fazer.
Cordialmente
Roque Guimarães Pereira - Agente da Rêde
Pouso Alegre, 15 de setembro de 1957

quinta-feira, 24 de março de 2011

A imprensa de Pouso Alegre

Pouso Alegre, simples arraial em 1830, foi, na ordem cronológica, o primeiro lugar do Sul de Minas que teve imprensa e o quinto na província.
No dia 7 de setembro de 1830, publicou-se o Pregoeiro Constitucional. Este jornal foi o primeiro de Pouso Alegre e o primeiro do Sul de Minas. Fundado pelo Padre José Bento Ferreira de Melo, subsistiu, segundo parece, até 1831.
Não se sabe com exatidão o tempo que durou, todavia o número mais recente encontrado traz a data de 4 de junho de 1831. Esse número faz parte da coleção existente na Biblioteca Nacional, constante de sessenta e três números, a contar do primeiro.
A Imprensa em Minas Gerais, de Xavier da Veiga, dá o Pregoeiro Constitucional como extinto de 1830 a 1831. É certo que em princípios de 1832, já não se publicava, continuando no entanto a sua tipografia com a mesma denominação,
Até 1833 encontram-se frequentemente referências à tipografia do Pregoeiro Constitucional, principalmente em atas da Câmara Municipal de Pouso Alegre do ano de 1832, em que também se fazem alusões à falta de jornais no lugar. Posteriormente a 1831, não há provas da existência do Pregoeiro em quaisquer outros documentos públicos da vila.

terça-feira, 22 de março de 2011

Memórias de Pouso Alegre


Curiosidade


Do Egito para Pouso Alegre - Contava o professor Quinzinho aos seus alunos que, quando da construção os peixes apanhados nas enchentes do Mandu eram postos a ferver em grande tacho de cobre, muitas vezes à beira do rio ou em outras junto às construções, com escamas, barrigada e tudo, bem fervidos e apurados, transformando-se em  óleo escuro e viscoso. Depois eram tirados do tacho e colocados entre as camadas de terra vermelha e pisoteados pelos escravos, dando assim maior consistência às taipas. Segundo contam, em 1931, quando foi demolida a cadeia pública para o prolongamento da avenida, entre os escombros das taipas demolidas, havia centenas de espinhos de peixe, ainda visíveis e como mumificados entre as camadas de terra batida. Esse método foi detectado por arqueólogos em construções egípcias, usando peixes do Nilo, para dar consistência aos tijolos cozidos. (Carvalho, Augusto José de. Terra do Bom Jesus. Artes Gráficas Irmãos Gino, Pouso Alegre, Minas Gerais, 1982 p.104 e 105)