segunda-feira, 11 de abril de 2011

..... ainda sobre a cadeia


Segundo o historiador pouso-alegrense Otávio Gouvêa a necessidade da construção de uma cadeia maior surgiu em 1885, época do Brasil Império. A obra foi realizada pelo empresário tenente Fernando de Barros Cobra, e entregue a municipalidade no dia 7 de julho de 1885.  Segundo o construtor a nova cadeia apresentava além da solidez e segurança, elegância e bom gosto de modo a ser considerado senão como o mais importante ao menos comum dos edifícios do sul de minas. Era um dos maiores e mais imponente prédio da cidade, comparado a Igreja Matriz concluída em 1857, e ao futuro Teatro Municipal.
Com o crescimento da cidade o prédio passou a destoar da nova tendência urbanística que consistia no embelezamento das ruas centrais e da área da estação.  No livro de prestação de contas publicado na gestão do prefeito João Beraldo, em percebe-se que na época havia uma grande preocupação por parte da administração com as ruas centrais, passando a exigir dos proprietários, a limpeza externa de seus prédios e muros, a reconstrução dos passeios estragados e a renovação dos telhados antiquados e em estado de ruína de suas casas. No documento apresentado por João Beraldo fica claro o interesse de forças da elite em desapropriar o espaço em torno do largo, onde se localizava a cadeia e outras construções, a maioria pertencente a uma classe social pobre. Muitos moradores não poderiam realizar as reformas em suas casas e estabelecimentos, segundo normas impostas pelo município.
 Na gestão de João Beraldo está presente também a necessidade de modificações no centro de Pouso Alegre, com a demolição de alguns prédios e quarteirões que impediam o alargamento da avenida principal, entre elas a cadeia impedindo o fluxo de transeuntes que necessitavam dirigir-se a nova estação de trem.
O jornal Gazeta de Pouso Alegre, n466, de 18 de março de 1928, publicou a vinda de um engenheiro da Secretaria de Agricultura para estudar e orçar as obras para a construção de uma nova cadeia pública, alegando que a atual estava ameaçando ruir. A matéria fala ainda que a obra será um “benéfico serviço que se prestará à nossa cidade e, para que o novo estabelecimento carcerário não seja erguido no mesmo local do antigo, centro da cidade e próximo da estrada de ferro, como que o dar uma nota de sofrimento e miséria ao transeunte que aporta a esta terra, a nossa Câmara vai oferecer ao o governo, o terreno próprio para essa construção, afim de que a nova cadeia fique localizada em ponto mais afastado da cidade”.
Segundo Octávio Mianda Gouvéia, a cadeia com suspeita de ruínas era uma construção com traços arquitetônicos no estilo barroco, assim a  probabilidade de má conservação deste espaço era pequena, devido a um projeto bem arquitetado antes de sua construção. Há possibilidades era de que o prédio no centro da cidade causava um empecilho para as autoridades políticas e da elite que buscavam um meio para reorganizar o centro da cidade.
A Gazeta de Pouso Alegre, de 14 de fevereiro de 1929, informa que as obras da nova cadeia foram ganhas pelo construtor e arquiteto Otto Piffer, em concorrência aberta pelo governo do Estado.  [...] é de esperar-se que essa importante construção obedeça a todo o rigor e escrúpulo no seu acabamento, para que a nossa cidade seja dotada de um melhoramento, como é de desejar-se, a altura de seu merecimento” publica o jornal.
A nova cadeia foi construída no que antes eram os “arredores da cidade”, na rua Silvestre Ferraz. Ao longo do tempo, com o crescimento da cidade, principalmente a partir da dedada de 1980, época em que as indústrias começam a vir para a cidade, o centro da cidade alcançou a cadeia.  
Com o tempo o espaço ficou insuficiente para atender a população carcerária e passou por reformas, com a construção de algumas celas, ampliação da rede elétrica e de abastecimento de água. Mas as reformas eram apenas paliativas, não solucionando as principais e básicas necessidades dos presos.
Em 2009 foi entregue à comunidade o presídio, com capacidade para 350 presos.

MIRANDA. Octávio Gouveia. História de Pouso Alegre. Pouso Alegre: 2ª  Ed., 2004
[1]Prestação de Contas do Prefeito João Beraldo. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1931.
[1] Idem. P. 12.

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